
Orfeão Velho de Leiria
17 de Março de 2010 - 22h00
Chão Concreto
A premissa central de uma adaptação da obra russa tem, como incontornável primeiro, o romance de amor entre o personagem anónimo – o Sonhador – e Nástenka. A história de amor assume-se como motor operativo - em discurso directo, dialogante - para um tratamento dramaturgico do enredo. Não obstante, esta evidência não ofusca aquela que será a pedra basilar para a construção deste espectáculo: a solidão e o diálogo interior do Sonhador dostoiévskiano.
Partindo de dois actores, a proposta é fazer uma incursão ao mesmo texto - respeitando a estrutura literária e formal - mas operando uma subversão dramaturgica subtil, no sentido de perpetuar o ponto de partida comum ao universo de dostoievski: o monólogo. Ambos contam a história, que é a sua, porque ambos são o mesmo Sonhador. O espectro do sonho é ampliado e o discurso ganha uma vida diferente, ainda mais próxima da memória afectiva, ao passar para o plano indirecto. O Sonhador entra e sai da sua própria história; encena-a; relata-a; confirma-a. O uso de dois actores potencia o jogo cénico e vai permitir uma abordagem essencialista e objectiva, procurando sempre o âmago das palavras e das emoções. O uso de dois actores homens tem como vantagem dramaturgica impossibilitar a concretização da imagem feminina, perfeita, sonhada e sempre idealizada.
O resultado é um ensaio sobre a solidão, numa espécie de solilóquio dialogante.
O espectáculo estreia agora, no Porto, tendo prevista uma reposição durante o ano de 2010, bem como a circulação pelas salas de espectáculos nacionais.
Texto: Fiódor Dostoiévski
Tradução: Filipe Guerra e Nina Guerra
Dramaturgia: Rodrigo Santos
Encenação: Rodrigo Santos
Interpretação: Ivo Bastos e Nuno Preto
Desenho de Luz: Pedro Vieira de Carvalho
Cenografia: Ricardo Preto
Figurinos: Catarina Marques
Sonoplastia: Rodrigo Santos
Design Gráfico: Mónica Santos
Produção: Marta Lima
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